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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Cotidianos: Preconceito punido

– E ai Gabriel?
– Fala Luiz.
– Vamos almoçar?
– Claro.
– Tem um restaurante novo a duas quadras daqui.
– Beleza! Vamos nesta Luiz.
Alguns passos depois...
– Xi Luiz...
– O que foi?
– Dois negrões na nossa direção.
– Negrões? Cara! São pessoas da raça negra. Qual o problema?
– Eu vou voltar.
– Por quê?
– Não quero ser assaltado.
– Nossa cara! Isto é além do preconceito, é racismo. Isto é crime.
– Crime por quê?  Por querer voltar?
– Pelo que está dizendo.
– Ahhh Luiz, fiques para ser assaltado. To fora. To voltando.
No dia seguinte...
– Pô Gabriel tu és preconceituoso mesmo. Aqueles caras são filhos do dono do restaurante. Eles estavam distribuindo folhetos de promoção. Fui muito bem tratado e a comida é ótima e barata.
– Que bom.
– Que descaso! Continua o preconceito hein?
– Nada disto, Luiz. É que to chateado.
– Por quê?
– Ontem quando retornei, acabei pegando o carro e indo almoçar no shopping.
– E aí?
– Aí que uma gata, a coisa mais linda, começou a me dar bola.
– É?
– Sim. Ela era loira de olhos azuis, seios fartos e que bunda. Cheirosa, gostosa, uma loucura.
– E isto é motivo para desânimo?
– Pois é. Ela me deu uma cantada e me convidou para ir a um motel.
– E?
– Era uma tremenda armadilha. Quando eu cheguei no estacionamento, três amigos dela me assaltaram.
– Mesmo?
– Sim! Levaram dinheiro, celular e o carro. Eles me deixaram só de cuecas. Eu só lembrava de ti e do que tinha me falado.
– Para com isto meu. Ficou de cuecas pensando em mim? Tá me estranhando.
– Não é isto Luiz, qual é?
– Então pensou em mim por quê?
– Porque eles eram todos brancos. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O naúfrago

Já faz dois anos. E nós aqui né, James?
Por que aquele barco foi afundar?
Pior. Por que fui cair do bote onde estava o pessoal?
Eu sei, eu sei James. Fui boca aberta, moscão, vacilão, tudo isto.
Também não tenho do que reclamar, achei uma boia e a maré me trouxe para esta ilha cheia de frutas, caça e água fresca.
Mas são dois anos já, James.

sábado, 26 de setembro de 2015

Aventuras em Salvador

A maioria das pessoas fala que viajar a trabalho é ruim. Quando estas viagens se tornam uma rotina é ruim mesmo. 
Em 2008, eu já estava cansando de tanto viajar, mas fui abençoado.  Minha viagem a trabalho foi para Salvador.  Os Baianos dizem que Deus mora lá. É difícil falar algo a respeito porque o Nordeste todo é lindo, mas com certeza se Deus quiser morar no Brasil, Salvador está no páreo.
Eu nunca pensei que minha viagem apesar de ser para um lugar fascinante daria uma postagem no blogue. Entretanto, conversando com um ou outro sobre as façanhas que fiz na capital baiana, percebi que anos depois daria um texto.
Então, vamos lá.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Quem não sofreu preconceito II

Continuando a saga do preconceito...

Já adulto, estava eu parado no semáforo, para nós gaúchos sinaleira, do entroncamento da Av. Mostardeiro com a Av. Göethe, em Porto Alegre. Do meu Monza Classic 2.0 SLE top de linha da montadora, avistei uma mocinha distribuindo folder de apartamentos. Quando ela veio em minha direção, passou direto e não me deu o panfleto. Bom, esqueci de dizer que meu possante era top de linha em 1990 estávamos em 2002, e ainda que, os folders eram de apartamentos de luxo. Portanto, ela só entregava para carrões e alguns nem abriram a janela para receber. Bem feito para ela. O que a mocinha não devia saber é que muitos que têm carrões ficam a vida toda pagando a prestação no sacrifício e eu não tinha conta alguma, mas tudo bem, eu sei que era orientação da construtora.

sábado, 29 de agosto de 2015

Quem não sofreu preconceito I

Uma vez eu me deparei com um assunto que falava sobre todo mundo já ter sofrido algum tipo de preconceito.
De minha parte, obviamente que eu concordei, pois eu tenho ciência que já sofri alguns. E exatamente quando estava escrevendo sobre isto no comentário, eu me dei conta que poderia fazer um texto sobre os preconceitos por mim sofridos.
Claro que não quero fazer deste artigo um muro de lamentações, e sim mostrar que o preconceito existe em todas as classes da sociedade.

sábado, 22 de agosto de 2015

O meu vestido rodado

Era uma vez uma menina pobre. Sua família de origem humilde só tinha dinheiro para as necessidades básicas. Seu nome era Inga. Ela era muito aplicada no colégio, uma aluna exemplar. Todos os professores eram apaixonados por ela. Mesmo tendo apenas 9 anos ela sofria bullying de seus coleguinhas porque usava roupas muito simples.
Apesar de tudo, ela era muito feliz e adorava dançar.  Bastava ouvir uma música de qualquer gênero, ela dançava. Ela gostava tanto que fazia parte do grupo de dança do colégio.
Um dia a sua felicidade acabou. A escola decidiu participar de um concurso de danças para colegiais, mas os pais dela não tinham dinheiro para comprar o vestido. Ela não poderia participar. Então ela chorou, chorou e chorou e passou a ser a menina mais triste da escola.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O velho, a linda e o jovem

Um homem de meia idade entra no bar dançante do hotel acompanhado de uma bela moça cuja idade é aproximadamente 25 anos.  Ele, muito elegante, veste um terno fino de grife famosa que o deixa mais alinhado. Ela, especialmente linda, está usando um vestido com um alinhamento perfeito de alta costura, modelo exclusivo. 
Eles aguardam o metre chegar e indicar um lugar perto da pista, e de mãos dadas caminham até a mesa onde se acomodam e começam a conversar. 
Com sua mão sobre a dela eles passam o tempo, falam coisas engraçadas e riem muito. É explícita a admiração que ela sente por aquele homem.
Pouco mais adiante, um jovem de idade compatível com a da bela moça, não consegue tirar os olhos dela. Ela percebe e sorri. Tenta ser discreta, mas demonstra o interesse.
O tempo vai passando e os flertes aumentam.
Lucas fica um tanto sem graça de flertar com uma mulher acompanhada, mas não consegue disfarçar o fascínio que sente por ela.
Ela comenta algo para seu acompanhante que olha para trás e sorri.
Sem entender nada, Lucas tenta desviar o olhar, mas a curiosidade dele é maior.
Após algum tempo, Alexandra levanta-se e começa a dançar sozinha e Lucas fica cada vez mais encantado com a sensualidade da moça. Ao parar de dançar, ela se aproxima do seu acompanhante, fala em seu ouvido e vai até o toalete.
Então, o senhor chama o jovem para a mesa. Lucas meio assustado, mas querendo saber o que passa, vai.
– Olá tudo bem? Meu nome é Rodolfo e o teu?
– Lucas.
– Estás nervoso, Lucas?
– Não! Apenas apreensivo. Não é uma coisa muito habitual.
– O que? Um homem mais velho vir a um bar dançante com uma jovem linda?
– Sim. Quer dizer não é isto. É que ela... bom... como vou dizer?
– Ela está te paquerando?
– Isto! O senhor não sente ciúmes?
– Acho que já passou da fase de eu ter ciúmes da Alexandra.
– Alexandra! Que lindo nome.
– Não é só o nome, não é mesmo?
– Sim! Desculpa. Olha, não quero ser inoportuno.
– Não estás sendo. Eu sou um velho moderno. Por isto estou aqui. E por isto ela não se importa de me acompanhar.
– O senhor acha tudo isto normal?
– Não vejo porque não.
– Nossa! Nem eu, que sou mais jovem, estou entendendo.
Rodolfo ri e diz:
– Percebo que não estás entendendo nada mesmo, mas já vais entender.
– Será?
– Vais sim, assim que ela voltar – risos.
Quando Alexandra retorna, Rodolfo a beija no rosto e diz:
– Bom! Sou moderno, mas não tenho a juventude de vocês para ficar acordado até muito tarde. Vou subir.
– O senhor vai me deixar sozinho com ela?
Enquanto Alexandra ri, Rodolfo responde:
– E por que não? Eu já sei que tu és um bom rapaz.
– Sim, mas e vocês?
– Jovem! Deixa eu te explicar uma coisa. Todo pai quer que sua filha seja feliz, portanto divirtam-se, mas com moderação.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Wanda

Wanda era alta, esbelta, seu corpo uma escultura e sua boca carnuda estava sempre pintada de vermelho.  Embora fosse muito jovem, ela continha segredos de uma mulher madura. Divertida, alegre e incrivelmente fogosa exalava sexo pelos poros e contagiava os ambientes por onde passava. Ela era inteligentíssima, de raciocínio rápido e de grande personalidade. De família rica, mas ignorando os valores familiares, ela trabalhava de dançarina na boate Lua Doce.
Carlos, igualmente jovem, forte, inteligente, frequentador assíduo da boate onde Wanda trabalhava, era totalmente apaixonado por ela. Também de família nobre, sua paixão por Wanda fazia com que abdicasse das rodas da alta sociedade para vê-la dançar todas as noites.
Wanda dançava como ninguém. Ela era única. A plateia ignorava todas as outras dançarinas esperando ansiosamente pelo seu show. Não menos ansioso, Carlos olhava o relógio muitas vezes na esperança de que o tempo passasse mais depressa para ver sua musa.
Ela tinha apenas duas paixões: a dança e o sexo. Alimentava estas paixões exibindo seu corpo exuberante e entregando-se ao homem que escolhia nas noites de espetáculo. Foram muitos, mas ao contrário das prostitutas, Wanda não fazia por dinheiro, e sim, por prazer.  Ela os encantava, os dominava, os trazia debaixo de seu salto. Eles pareciam gostar daquele domínio irresistível, que lhes dava sexo, mas nunca amor.
Ela tinha um padrão. Escolhia os homens pelo olhar. Aquele que tivesse o olhar mais faminto, o que fazia com que ela se sentisse mais desejada, era o requisitado, mas nunca repetia os escolhidos.
Wanda não queria dinheiro, e sim ser a melhor entre as melhores.
Carlos ficava na esperança de ser o escolhido, mas algo nele a desagradava. Ele não tinha aquele olhar faminto dos outros homens e sim um brilho diferente que a repelia ao mesmo tempo em que a atraía.
Como a atração foi mais forte, um dia ela o escolheu, e para ele se entregou naquela noite. O receio que ela tinha se concretizou. Viu que aquela vez foi diferente, pois mesmo sempre sendo ela a dominadora, se sentiu dominada, mas não por ele, que estava totalmente entregue à paixão, e sim por ela mesma. Foi um sentimento jamais percebido e entendeu que este poderia ser um problema. Wanda não queria se apaixonar, não queria compromisso, e sim continuar vivendo ardentemente cada dia. Entretanto, o desejo de ver Carlos novamente era constante.
Wanda não dançava mais como antes, a plateia já não lhe era mais fiel, mas Carlos estava sempre ali a cercando. Ele enviava-lhe flores, doces, convites para sair.  Apesar de rejeitar, ela não parava de pensar nele e não conseguia mais se entregar ao prazer com outros homens, embora tentasse. Foi então que a “Lenda Wanda” da Lua Doce perdeu o encanto e com isto acabou o seu feitiço sobre os homens .
O público já não queria saber dela e o proprietário a mandou embora. Ela caiu em depressão. Não precisava de dinheiro, e sim de continuar sendo a melhor no que amava fazer.
Com o sumiço de Wanda, não tão menos desesperado ficou Carlos que procurou sua amada em todas as boates.
O tempo passou, Carlos se conformou, mas não a esqueceu. Wanda continuava viva em sua memória.
Algum tempo depois, Carlos em um show do cruzeiro que estava fazendo, se surpreendeu. Uma banda tocando salsa tinha uma dançarina que lhe chamou a atenção. Suas pernas, a boca, o cabelo, a pele e o corpo muito lembravam sua amada. Não poderia ter duas mulheres assim no mundo, não para ele. Só podia ser ela. Então ele se aproximou para ver de perto e constatou. Era ela! Não dançava mais como na Lua Doce. Evidentemente que a música, a dança e o ambiente não eram os mesmos, mas ela não tinha o mesmo brilho embora a plateia adorasse. Ali, somente Carlos sabia como era antes. Porém, ela continuava bela. Carlos com a palpitação mais forte se aproximou do palco e ela o viu.
Trocaram sorrisos. O brilho dela voltou e ela deu um show ainda maior.
Naquela noite entregou-se a Carlos novamente, mas desta vez sabia que não seria a última. Após o reencontro, Wanda só dançou para Carlos e hoje somente ele lembra daquela mulher admirável e cheia de encantos, que fascinava a todos com sua exuberância, autonomia e liberdade.
Wanda perdeu-se no tempo, deixou-se levar pelo cotidiano de uma mulher comum descendo do seu pedestal de Deusa suprema, mas viveu feliz ao lado de seu único amor.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

A carreira de Toninho

Durante o intervalo da final do campeonato estadual, na cidade de Capinzinho, um molequinho que trabalha de gandula é observado pelos dirigentes do time visitante, o Capital FC, que disputa a final contra o time local.
Toninho brinca com seus colegas no campo enquanto as equipes descansam. A torcida acha graça naquele menino que humilha os demais com seus dribles desconcertantes.
Após o jogo, mesmo com a derrota e com isto a perda do título, um dirigente do Capital permanece na cidade para localizar o garoto.
No dia seguinte, Osvaldo Luz, diretor e olheiro do Capital FC consegue localizar a mãe do menino, a dona Maria Rosa, e conversa com ela. Ele a faz entender que é uma oportunidade para o Toninho iniciar uma carreira nas categorias de base de um grande clube. Ela hesita, mas vê uma excelente chance de mudar o futuro do filho. Agora, só falta ele querer.
Ao chegar do colégio, Toninho se surpreende com a visita ilustre e atentamente recebe as explicações. Ele não pensa duas vezes, pulando de alegria, aceita a proposta. Mesmo tendo apenas 12 anos, sabe que a oportunidade é de ouro e não pode perdê-la. Bem informado sobre o mundo futebolístico pelas leituras de jornais na barbearia da cidade, ele sabe que o Capital FC é um clube que está quase sempre nas decisões enquanto que seu time do coração em toda história, apesar de ter sido campeão, chegou apenas uma vez. E ainda, este clube é de primeira divisão nacional.
Osvaldo consegue um emprego na capital para a dona Maria Rosa fazendo com que o menino fique mais amparado, mas ele passa a morar no clube pela facilidade de estudo e treinamento.
Toninho é sempre o primeiro a se apresentar e cai nas graças do treinador não só pela habilidade, mas também, pela dedicação.
O tempo vai passando e Toninho subindo de categoria.
Ver um jogo da arquibancada não era mais novidade para ele. Assiste inclusive com tristeza uma goleada histórica de 5x0 aplicada no seu time do coração, o Atlético de Capinzinho, no ano em que foi rebaixado. É claro que Toninho mais esperto, mais vivido, sabia que o time da sua cidade natal era um clube pequeno e que aquele ano de glória foi um ano especial.
Ciente que sua realidade é o Capital FC assina seu primeiro contrato profissional aos 17 anos e fica a disposição do treinador, recém-chegado ao clube, Euclécio Danúbio.
Toninho não é aproveitado entre os profissionais, mas um dia o treinador o chama para jogar na ala direita. Toninho era meia-atacante, mas não rejeitou a oportunidade. Ele faz sua estreia em um jogo do campeonato estadual marcando um gol, mas não teve muitas chances de atuar nos jogos seguintes. Neste ano, embora fosse sempre um dos favoritos, o Capital não chegou as finais do estadual. A última vez que tinha perdido o campeonato foi justamente em Capinzinho. No nacional a campanha da equipe foi mediana.
Com os maus resultados, Euclécio é demitido e o novo treinador assume. É Janílson de Freitas, mais conhecido como Janjão, o ex-ídolo de Toninho.
Na temporada seguinte, Toninho passa a ser mais aproveitado na equipe entrando em quase todos os jogos.
O Capital volta a ser campeão estadual. Toninho fica feliz com seu primeiro título profissional, mas a alegria não é tão grande como na vez que foi gandula, pois ele foi reserva o tempo todo.
O Capital contrata jogadores experientes e juntando-se a eles Toninho assume a titularidade na sua posição de origem e passa a ser o melhor jogador do time.
O que falta para o clube é um título nacional.
Com os reforços e o talento de Toninho o Capital tem grandes chances de realizar este sonho.
O campeonato é acirrado, mas o Capital chega à final.
Toninho cada vez mais titular enche os olhos da torcida e é o terror das defesas adversárias, mas sua inexperiência lhe prega uma peça. Ele é envolvido pelos seus companheiros e sai à noite fugindo da concentração. Toninho não era disso, mas era uma novidade e ele foi mais levado na onda dos outros mais experientes do que pela própria vontade de ir.  Na boate onde estavam, Toninho se perde aos encantos da dançarina Wanda e deseja ficar mais um pouco enquanto seus colegas voltam para o clube. Toninho não bebe, mas a sua mesa está repleta de garrafas vazias. É o suficiente para um paparazzi o crivar de flashes. Com o fato injustamente noticiado, o Presidente Saulo Schneizzer, sem piedade, pressiona Janjão para tirá-lo do time. Apesar do protesto dos outros jogadores e da comissão técnica, Toninho não fica nem no banco de reservas.
De nada adianta os jogadores envolvidos esclarecerem o ocorrido.
Na verdade, isto tudo é pretexto para Schneizzer abrir caminho para Júlio Rosa que jogava na mesma posição. O passe deste jogador é 45% de Schneizzer.
Toninho continua treinando, mas fica fora do primeiro jogo da final que é contra o atual campeão, o Campeiros.
O primeiro jogo foi 2x2, em casa, cheio de confusões e duas expulsões para cada lado.
Sabendo que o segundo jogo seria ainda mais difícil e com a perda do atacante Júlio Rosa devido à suspensão automática por ter sido um dos expulsos, Janjão escala Toninho para a reserva mesmo contra a vontade de Schneizzer. Este não queria dar o braço a torcer alegando que a punição de Toninho deveria servir de exemplo.
E o jogo começa...
Já no início, a pequena torcida do Capital, clama pelo nome de Toninho. No banco, ele se lembra daquela final que assistiu do lado de fora do gramado buscando as bolas e revive o sofrimento de ver o jogo em vez de atuar.
O Adversário é difícil e a maioria da torcida é contrária.
Marcão, atacante do Campeiros, entra na área dribla o goleiro Manuel e é derrubado. O juiz marca o pênalti. Toninho já viveu isto, a história estaria se repetindo? Não, desta vez a falta é incontestável e para piorar Manuel é expulso por ser uma situação clara de gol. O Capital fica com um jogador a menos aos 17 do primeiro tempo.  O atacante Souzinha é substituído pelo goleiro reserva Bentinho. O próprio Marcão bate o pênalti e converte. O estádio explode e a pequena torcida do Capital se cala.
Na reserva, Toninho impaciente sabe que poderia estar ajudando o seu time. Mais agoniado está Janjão que vê seu melhor jogador no banco por uma atitude lamentável do presidente do clube.
Ainda no primeiro tempo, o Campeiros perde dois gols feitos e no finalzinho Gilson Marau de cabeça amplia o placar. Era o pesadelo se formando para o time do Capital.
No intervalo, Janjão manda Toninho aquecer. Imediatamente o telefone toca. É Schneizzer ameaçando demiti-lo antes do fim do jogo, caso ele coloque Toninho para jogar, mas Janjão muito conhecido pelos seus atos de valentia e defensor dos seus atletas troca o zagueiro Elton Batista por Toninho. Ele não poderia concordar em perder o título pelo ato irresponsável de um Presidente que não sabe o que é treinar no sol e na chuva. E ainda, logo o Toninho que, além de ser o melhor do time, é um exemplo de atleta. Agora é tudo ou nada.
E o segundo tempo começa...
Toninho pela direita deixa seu marcador para trás e cruza para Juca Belo cabecear para fora. Era o Capital reagindo. Não foi preciso mais de duas jogadas de Toninho para que o técnico adversário gritasse: ─ Gruda no 20.
Toninho está infernal. Ele dribla dois adversários e na saída do goleiro coloca com categoria para as redes. Eram apenas dez minutos do segundo tempo. As esperanças do Capital se renovam. Porém, em virtude do um homem a menos, o domínio territorial era do Campeiros. No entanto, o craque do jogo já despontava. Toninho tabelando com seus colegas invade a área adversária, fuzila o goleiro Diógenes e empata o jogo aos 35. Embora, a partir daí, a moral estar com o Capital, o domínio ainda era do Campeiros, principalmente após a substituição de Juca Belo pelo zagueiro Ferreira. A ideia de Janjão era poupar o time para a prorrogação, pois achava que a equipe poderia não aguentar todo o tempo devido expulsão na primeira etapa.
E de fato veio a prorrogação. E quando tudo parecia que a decisão iria para os pênaltis, em uma jogada simples, mas rápida, Toninho lança para o volante Zito na cara do gol para este marcar para o título.
O juiz dá o apito final. Acaba o sofrimento. O Capital FC é campeão nacional graças a Toninho que mudou totalmente o rumo da partida.
A pequena torcida aplaude de pé chamando o Presidente Saulo Schneizzer de todos os tipos de palavrões possíveis.
Os jogadores do banco de reservas e a comissão técnica invadem o campo para comemorar e carregar Toninho no alto.
O gol da vitória não foi de Toninho, mas, foi dele a reação da partida, os gols de empate e o passe preciso para o gol do título. Era mais um sonho realizado.
Este jogo ficará na história do clube e na lembrança eterna de Toninho.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O sonho de Toninho

Antônio Lima da Silva, o Toninho, tinha o sonho de todo o menino pobre ou rico, ser jogador de futebol.
O maior divertimento de Toninho era ir ao estádio do clube de sua cidade natal, o Esportivo Atlético Capinzinho, o seu time preferido, para ver o treinamento dos seus ídolos através do alambrado.
Sua família, de origem muito pobre, não tinha dinheiro para pagar as entradas dos jogos. Logo, os treinos era o mais próximo de uma partida de futebol profissional que ele conseguia chegar.
Nos dias de jogos, ele ouvia as transmissões por um radinho velho, única herança deixada pelo seu falecido pai. Não perdia um só comentário e procurava ler as notícias nos jornais da barbearia onde fazia bico de engraxate. Todo o dinheiro que ganhava destinava a sua mãe para ajudá-la nas despesas da casa. Ela trabalhava de empregada doméstica e lavava roupas para fora nas horas de folga.
Toninho participou de todos os campeonatos do Grupo Escolar Capinzinho, onde estudava. O time que com ele contava levava nítida vantagem nos campos de areião com goleiras feitas com madeira de demolição.
A equipe profissional de Capinzinho não era um time de ponta e nunca havia chegado a uma final de campeonato. Toninho nunca ligou para isto e ao contrário de seus amigos, que torciam para times da capital, se mantinha fiel ao seu clube do coração.
No ano em que Toninho completou 12 anos, o seu time se superou e conseguiu chegar a final.
Por sorteio, o segundo jogo da decisão foi em Capinzinho, e com isto a cidade ficou em festa.
Para alegrar o coração dos meninos do colégio municipal aconteceu um problema com o contrato dos gandulas. Assim, o presidente da federação resolveu inovar e convidou os alunos do Grupo Escolar para "gandular" o jogo.
Toninho se encheu de esperança. Era a chance de ver um jogo e, o que era melhor, de certa forma atuar nele. Achando que por ser o melhor jogador do colégio seria um dos escolhidos, mas não foi. O diretor da escola fez um sorteio e o Toninho não foi contemplado. Ele foi para casa chorando e no dia seguinte não compareceu à aula. O mundo tinha acabado para ele. Faltou inclusive a de Educação Física, a sua preferida.
Por se tratar de um aluno exemplar, o professor, desta matéria, Hélio Morato preocupado com sua ausência foi procurá-lo em casa. Sabendo da situação, decidiu comprar ingressos e levar o Toninho ao jogo, mas para o seu azar todos os ingressos estavam vendidos.
No sábado, um dia antes da final, um dos meninos sorteados não compareceu ao estádio. Era necessário orientar os novos gandulas como proceder no jogo. Precisavam de mais um. Como Morato era o responsável pelos alunos nesta tarefa e os acompanhava, imediatamente mandou chamar Toninho.
Da tristeza para a explosão de alegria em um só segundo quando Toninho recebeu a notícia de sua mãe.
– Filho! Ligaram do colégio para nossa vizinha. Querem você no estádio agora.
Com sua bicicletinha enferrujada de pneus remendados, que ganhou de um vizinho, ele pedalou rapidamente para o estádio. Chegando lá, já com outro ânimo, não conseguia esconder o sorriso, mas prestou muita atenção nas instruções.
Voltou para a casa radiante.
No dia da decisão a cidade estava em polvorosa. Carros buzinando, bandeiras espalhadas, gritos de guerra, foguetório e etc. Porém, ninguém, mas ninguém mesmo, era mais feliz que Toninho, que foi para o estádio como se fosse jogar na final.
E começou o jogo...
Jogo duro, o adversário Capital FC atual campeão e por seis vezes seguidas não dava mole.  Era uma pressão total. Ignoravam a presença da torcida de Capinzinho.
Toninho roía as unhas. Nunca tinha pensado que ver um jogo ao vivo seria tão sofrido.
Ainda no primeiro tempo o jogador adversário se atirou na área e o juiz deu pênalti.
– Ladrão! – Entre outras coisas gritavam todos, menos Toninho, que ficou paralisado. Foi bem na goleira onde tinha sido escalado para trabalhar. Que coisa, justamente ali, ter que ver bem de pertinho pela primeira vez o seu time do coração sofrer um gol. De maneira alguma, pensou ele. Toninho colocou as mãos sobre os olhos, mas quando o juiz apitou, ele abriu os dedos e viu a bola explodindo na trave de seu goleiro. A vibração foi geral e não foi diferente com Toninho que pulava de alegria.
E terminou o primeiro tempo com o placar em branco.
Os garotos invadiram o gramado para a tradicional batidinha de bola dos gandulas e com show de Toninho. A torcida vibrava com a graça e a ginga daquele moleque que entortava os colegas com seus dribles.
E começou o segundo tempo...
De novo o Capital FC pressionando, mas desta vez Toninho via de longe. Ele permaneceu na mesma goleira e continuava a roer as unhas, pois parecia pior por estar mais distante.
A coisa estava feia até quando Janjão experiente atacante do time de Capinzinho cabeceou uma bola despretensiosamente e ela morreu no fundo do gol do Capital. A torcida explodiu e mais uma vez Toninho ficou apático, mas desta vez de emoção. A bola estava ali dentro do gol, ele podia tocá-la, mas não como durante o jogo quando era simples reposição de bola. Era a primeira vez que ele via um gol do seu time ao vivo. Até então, somente os replays na televisão da barbearia.
O time adversário continuava a pressionar. Agora lhe bastava o empate. O jogo sem gols da primeira partida da decisão lhe deu esta vantagem. Então, veio o contra-ataque e de novo Janjão, desta vez com os pés, empurrou a bola para dentro do gol. Foi a glória. A torcida veio abaixo e Toninho contaminado pela euforia virava cambalhotas.  A partir daí só deu Atlético Capinzinho, e o terceiro gol veio numa cobrança de falta no finalzinho por Dedé Batata, o ala esquerdo.
Nem o gol de honra dos adversários abalou Toninho e a torcida da cidade, o grito era um só: – É campeão!
Toninho nem ficou na festa que tomou conta da cidade. Para ele a missão estava cumprida e um sonho realizado. Ele foi para casa, deitou-se e ficou sonhando novamente com o futuro que em vez de estar do lado de fora do gramado, ser ele o responsável pelos gols que deram o título para seu time.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Embaixo do pé de Jasmim

– Vô?
– Sim meu filho.
– Eu não sou teu filho.
– O que é então?
– Teu neto!
– Ah. Está bem meu neto. Ias me perguntar algo?
– Sim. Quem é aquela menina?
– Hum. É a filha do capataz.
– O que é capataz?
– É o homem que cuida da fazenda para mim, meu braço direito.
– Braço direito?
– Sim – risos – quer dizer meu ajudante número um.
– E o que ela está fazendo?
– Acho que está lendo.
– Embaixo daquela árvore?
– Ela sempre lê ali. Ela gosta.
– Por quê?
– É um pé de Jasmim, dá uma flor muito cheirosa nesta época.
– Posso falar com ela?
– Claro! Ela é uma menina muito doce.
Alguns passos depois ...
– Oi.
– Olá. Qual o teu nome?
– Paulinho e o teu?
– Dora.
– O que está lendo?
– Um livro de poesia, gostas?
– Não! Isto é coisa de meninas.
– Quem disse?
– Meu pai.
– Ele está errado, sabia?
– Será?
– Deixa para lá. Quantos anos tu tens?
– Nove.
– Eu também.
– Por que tu estás embaixo desta árvore?
– Porque gosto do perfume das flores.
– É! tens razão é muito perfumada.
– Tu és da cidade, né?
– Sim. Como sabes?
– Nunca te vi aqui e depois parece que sabes pouco do campo.
– É a primeira vez que passo as férias aqui na fazenda do vovô.
– Estás gostando?
– Cheguei hoje, mas até agora gostei e tu gostas daqui?
– Sim! É silencioso de dia e de noite. Tem os animais, as flores e o campo.
– Vais ficar aqui a vida toda?
– Não. Eu quero estudar e ser Doutora de animais.
– O vovô está me chamando. Amanhã tu virás aqui?
– Sim. Eu venho todos os dias.
Os dias passam. Paulinho e Dora se tornam muito amigos, mas chega o fim das férias.
– Dora! Gostei muito de te conhecer.
– Eu também. Quando tu voltas?
– Nas próximas férias, acho.
– Vai demorar, né?
– Acho que sim.
– Que pena.
– Pena mesmo. Esta noite eu sonhei contigo.
– Que sonho? Paulinho.
– Que estávamos sentados embaixo do pé de Jasmim, com este campo verde cercado de rosas, comendo chocolate.
– Gostei, vou pedir para o papai plantar as rosas ao redor do campo.
– Legal! Quando eu voltar, trago o chocolate da cidade.
As crianças começam a rir, deixam cair uma lágrima e se abraçam carinhosamente. Enquanto Paulinho se afasta, caminhando de costas, Dora vai acompanhando com os olhos. Então, começa a cair uma chuva fina e quente. Paulinho abre os braços e levanta a cabeça para o céu sentindo, no rosto, os pingos caírem.
– Ei – exclama ela – o que estás fazendo? Sai desta chuva.
– Adoro sentir os pingos – gritou ele.
Nas férias do ano seguinte, Paulinho não vai a fazenda devido a uma viagem realizada por sua família. Ambos ficaram com o coração apertado.
Mais um ano se finda. Porém, o avô de Paulinho falece e a família vende a fazenda. O pai de Dora arruma outro emprego em uma fazenda muito mais longe.
O tempo passa, Paulinho se forma em Agronomia. Ele tem alguns relacionamentos que nunca conseguem evoluir. Parece preso ao amor que sentiu quando criança. Entretanto, mal no amor bem nos negócios. Ele faz muito sucesso no seu ramo e é indicado para fazer um trabalho em uma fazenda localizada em outro estado. Chegando ao local, foi recebido pelo dono, mas repara o campo verde cercado por rosas e uma moça sentada embaixo de um pé de Jasmim e pergunta:
– Quem é a moça?
O dono da fazenda sorri e responde: – Nossa Veterinária Dra. Lice.
– Ah (decepção) – Por um momento achei que a conhecia.
– É mesmo? Confundiu com alguém?
– Acho que sim. Este cenário é muito familiar.
– Vamos lá, eu te apresento a ela.
E chegando próximo...
– Doutora! Este é o nosso novo Engenheiro Agrônomo, Dr. Paulo. Deixarei vocês conversando.
– Tu me lembras alguém – disse ela.
– Engraçado. Por um momento achei te conhecia.
– Por quê?
– Reparei o campo, as rosas, tu sentadas embaixo deste pé de Jasmim.
Lembrei de um sonho que tive há muito tempo e de uma pessoa muito especial.
– Mesmo – exclamou a Doutora – e se começasse a chover agora o que tu farias?
– Eu abriria os braços, olharia para o céu e deixaria a chuva cair no meu rosto para sentir os pingos.
– Paulinho?
– Dora? Mas como? Dra. Lice?
– É de Doralice – risos – eu odiava este nome. Lice é da faculdade.
Os dois se abraçam e um longo beijo de amor é assistido pelos pássaros.
– Pensei que nunca mais iria te encontrar – disse ele.
– Pois é, quando teu avô faleceu nos mudamos para cá. Eu me formei em veterinária e acabei trabalhando nesta fazenda onde meu pai se aposentou. Pedi a ele para plantar as rosas e eu mesmo plantei o pé de Jasmim.
– Parece meu sonho.
– Eu lembro, mas está faltando o chocolate.
Deram risadas e saíram caminhando pelo campo em direção ao pôr do Sol revezando as mãos dadas pelos abraços. Lembraram do tempo que se conheceram e conversaram sobre as suas vidas desde o dia que se despediram embaixo do pé de Jasmim.

sábado, 27 de junho de 2015

A dona do pedaço

Lili Betsy é uma menina linda. Porém, muito mimada. Sempre teve tudo o que quis, pois seu pai é um importante industrial e casou com sua mãe que  é de família não menos rica. Ela é caprichosa e esnobe. Estuda em universidade cara e suas amizades são de meninas com pensamentos fúteis e de beleza inferior.
Quando surge alguma moça que pode se destacar mais do que ela, Lili Betsy dá um jeito de fazer com que todos a ignorem, e assim continuando a ser a dona do pedaço.
Ela tem um charme dominante sobre os homens. Todos caem aos seus pés. Todos não! Gustavo não gosta do jeito dela, e justamente por ele, ela é completamente apaixonada.
Lili Betsy o cerca de todas as maneiras. Ela tenta provocar ciúmes saindo com outros carinhas, mas Gustavo a ignora. 

sábado, 9 de maio de 2015

Mãe

O que fez esta mulher para merecer nosso carinho e atenção?
Simples, é um ser humano maravilhoso que a natureza criou.
É quem nos protege, nos ensina, nos ama sem pedir nada em troca.
É a pessoa que nos carrega noves meses dentro de si, anos no colo e a vida toda no coração.
É quem sofre com nosso sofrimento, chora com nossas lágrimas e ri com nossa alegria.
Ela é simplesmente MÃE.
Só estas três letras já seriam suficientes para resumir toda a importância desta pessoa, mas só isto não basta.
É preciso dizer quem ela é.
Enaltecer suas qualidades, que são muitas.
Nós não somos suficientemente gratos a ela.
Por mais que façamos sempre ficaremos devendo.
Ela é a MÃE. Ou seja, já nascemos devendo.
Como podemos pagar?
Reconhecendo?
Agradecendo?
Não! Isto é uma obrigação.
Devemos pagar em beijos, abraços e carinhos.
Dar uma flor, um presente por mais simples que seja.
Até mesmo um cartão desenhado em papel de pão, atrás de um folder com caneta emprestada.
Ela vai adorar, acredite!
Podemos colocá-la deitada no nosso colo e dizer: Fale dos teus problemas minha menina.
Deixá-la chorar, desabafar como se fosse uma criança.
Fazer cócegas para ouvir suas risadas.
Cafuné no cabelo, beijinho na ponta do nariz, fazer reverência chamando-a de rainha.
Qualquer coisa que a imaginação permita para homenagear a verdadeira Deusa da nossa vida.
Porém, nunca esqueça de fechar com um sincero:
MÃE, eu te amo.

Eu, com os poderes que este blogue me determina, nomeio minha MÃE a representante de todas as MAMÃES do mundo.


Feliz dias das Mães

sábado, 7 de fevereiro de 2015

O homem e a estrelinha

Olá povo do Boteco,
Baseada numa história real que me foi relatada por um conhecido na internet, escrevi o que chamo de ensaio de um conto...dei contornos românticos por motivos mais que óbvios, rs...
Da identidade das personagens, posso dizer apenas que o homem é do interior do Espirito Santo  e a mulher, da cidade do Rio de Janeiro. Espero que gostem.



Vamos ao conto.

Quando eles se conheceram, não era tarde mas também não era cedo, de longe se observavam...
Ficava o homem a pensar: "Que estrelinha é aquela e quais mistérios guardaria tão meiga menina?"
Bem longe um do outro, ele sempre com os olhos no céu, esperando a noite chegar, quando a escuridão, a nostalgia e a incomensurável distância entre os dois, permitiam a estrelinha brilhar.
Ela por sua vez não tirava os olhos do mar, onde a ausência do sorriso no moço, dava muito o que pensar!
Coisas de tempos antigos: Recordações, coração disparando...quem haverá de chegar?
Quem aquecerá minhas noites tão frias, preencherá as madrugadas vazias, embaladas pelos sons da ausência?
Matutava o homem...
Chapéu na mão e lágrimas nos olhos em respeito à saudade  que nem sabia do que...e o homem, que não confiava em pessoas, sozinho seguia caminhando.
A estrelinha  que morava lá nas alturas e, não cansava de brilhar, desejou aquele homem, beijar.
Quando o "tempo fechava" rs! e não podiam se ver, acontecia uma pontinha de dor...uma vontaaade de se encontrar!
Mas eles sabiam esperar, porque o tempo é bom conselheiro e certamente não os iria enganar.
E ficavam assim pensando, ela no céu, ele no mar:
"Qual a distância do amor
Haverá distância para o amor
Em que ponto do universo se cruzariam em amor?"
Ah! quando chegasse esse tempo, as noites haveriam de ser muito silenciosas, e apenas suaves sussurros fariam a noite vibrar. Tal qual o som do sopro na flauta, ou do berrante aflorar.
Depois, silêncio total...sagrado entrelaçar!
Até que um fio de luz, de uma estrela cúmplice e irmã, viesse aos dois acordar.

Sandra May - 2015



Crédito da foto: Willham Kitzinger (autorizada)