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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Viver é Fácil Com os Olhos Fechados - Vivir es Fácil Con los Ojos Cerrados - 2013 - Espanha

Inspirado em uma história real, "Viver é Fácil Com os Olhos Fechados" dirigido por David Trueba é daqueles filmes deliciosos que retratam sentimentos nobres do ser humano, a gentileza permeia toda a produção que traz um grande nome do cinema espanhol, Javier Cámara (O Que os Homens Falam - 2012).
Em plena década de 60, Antonio (Javier Cámara), um modesto professor de inglês, é fã incondicional dos Beatles e sonha em conhecer seu ídolo, John Lennon. Para encontrar o seu herói, o professor irá viajar até Almeria e no meio do caminho irá esbarrar com dois jovens: Belén (Natalia de Molina), uma moça de vinte anos e Juanjo (Francesc Colomer), um garoto de dezesseis que está fugindo de seu pai autoritário. O encontro destas três pessoas fará a vida de cada uma tomar rumos imprevisíveis. O título do filme é uma frase da letra de "Strawberry Fields Forever", composta por John Lennon em sua passagem por terras hispânicas em 1966, onde gravou o filme "How I Won the War", de Richard Lester.
O filme é um road movie que retrata o amor pelo seu ídolo e toda a ternura que pode haver numa pessoa. Antonio tem um coração que não cabe no peito. No início o vemos ensinando inglês às crianças com a canção "Help" e logo se enveredando pela estrada rumo ao seu sonho, conhecer John Lennon e convencê-lo a colocar as letras das músicas no encarte de seus álbuns. No caminho ele encontra Belén, uma moça grávida e sem apoio, e também dá carona para Juanjo, um garoto que por causa dos desentendimentos com o pai, principalmente por ele invocar com seu cabelo, foge em busca de algo. Nessa viagem conhecemos um pouco mais dos personagens e acabamos por nos apaixonar, são situações cativantes e de rico valor.

Antonio é uma pessoa que adora falar e contar histórias, ele brinca com os dois jovens que estão numa fase nada favorável. Com o desenrolar Belén se afeiçoa a Juanjo, que descobre a sua primeira paixão. O cenário e as cores vibrantes, juntamente com a trilha sonora faz deste um filme imperdível, é para se encantar com diálogos e momentos únicos, captando o que cada personagem tem para dar e sorrir diante a atitudes que nos fazem ser melhores uns com os outros.
A recriação da época é impecável e explora bem a beatlemania, principalmente em relação a John Lennon. Para os fãs da banda é um deleite e até para aqueles que não dão tanta importância é uma delícia de filme.

O humor sereno está presente em toda a narrativa, e por mais que algumas situações sejam ridículas, afinal idolatrar alguém é algo idiota a se fazer, o filme pende mais para um lado ingênuo e desperta sentimentos prazerosos, como a vontade de pegar a estrada sem rumo e contemplar a paisagem ouvindo uma boa música.
"Viver é Fácil Com os Olhos Fechados" tem uma história agradável e você nem sente o tempo passar. É uma linda surpresa coroada pela atuação singela de Javier Cámara. É uma viagem sonhadora que faz florescer a alegria.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Maioria Oprimida - Majorité Opprimée - 2010 - França (Curta - Metragem)

"Maioria Oprimida" (2010) dirigido por Eleonore Pourriat é um curta-metragem excepcional que retrata a vida de um homem que sofre de sexismo diariamente em um mundo dominado por mulheres. É incrível que o baque em algumas pessoas só aconteça quando há a inversão de papéis, colocando o homem na pele da mulher vivenciando o cotidiano, coisas que são vistas como normais, as tais 'cantadas' seguidas daqueles ruídos odiosos, ou mesmo aquela virada de cabeça. Infelizmente faz parte do dia a dia da mulher, e tudo isso acontece porque essas ações são aceitas e passadas ao longo do tempo.
No curta observamos o contrário, as mulheres é que dominam a sociedade, o protagonista desde o momento que sai de sua casa começa a sofrer com assédio, seja por causa da roupa, por estar sozinho e etc. São olhares invasivos, palavrões, e por fim o estupro. Ao recorrer à delegacia a delegada desfaz do caso e ainda justifica a violência pela roupa que ele estava usando, e sua esposa ao invés de ajudá-lo fica impaciente e não dá o devido valor ao fato. Acontece muito isso, a mulher ser violentada e ainda a culpa cair sobre ela. A inversão de papéis foi uma maneira simples, mas genial para despertar a atenção à opressão que a mulher sofre todos os dias, a ideia é clara e objetiva e atinge perfeitamente a questão, a sociedade machista em que vivemos.
Sem dúvidas o machismo está incrustado na nossa sociedade, seja em homens ou mulheres, muitas situações retratadas necessitam ser repensadas, não é normal, não é gostoso receber comentários chulos, além de causar constrangimento e medo. Ao assistir "Maioria Oprimida" vemos que há algo errado, a inversão de papéis promove esse olhar, e é preciso que todos percebam que essas atitudes tão cotidianas precisam parar.

Em menos de 11 min o curta satiriza e reflete sobre o quão nocivo é o sexismo, e mostra comportamentos que são repetidos e vistos como normais, algo que só aumenta mais o machismo na cabeça das pessoas. É uma importante questão que cada vez mais precisa ser discutida porque ninguém merece ser desrespeitado, constrangido ou diminuído pelo seu sexo.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Respire - 2014 - França

"Respire" baseado no livro de Anne-Sophie Brasme e dirigido por Mélanie Laurent (Les Adoptés - 2011), é um filme que apresenta a época da adolescência de forma bem intensa e o encantamento e as decepções de uma amizade.
Charlie (Joséphine Japy) tem 17 anos. A idade das paixões, das emoções, das convicções. Educada e bem-comportada é imediatamente atraída por Sarah (Lou de Laage), a nova aluna da escola. Encantadora e de temperamento difícil, ela se aproxima de Charlie. Íntimas, as jovens dividem segredos até que um dia o relacionamento começa a mudar, podendo gerar consequências trágicas. O legal do filme é porque em algum momento você cria identificação, é difícil quem não teve aquele amigo da adolescência do qual confiava seus segredos chegando a excluir outras pessoas do convívio. Quase sempre um é antissocial e o outro mais extrovertido, e este geralmente conduz a relação, porém em alguma ocasião esta amizade entra em crise.
A história se concentra em duas jovens, Charlie que é retraída, mas tem seu círculo de amigos na escola, e Sarah, uma garota sedutora cheia de histórias pra contar, quando Sarah chega à escola logo iniciam uma amizade, Charlie não esconde seu fascínio e a partir daí não se desgrudam. Charlie se afasta dos amigos e acredita que essa relação é recíproca, mas as coisas começam a mudar e a afeta de forma surpreendente.

O vínculo criado é forte e o espectador também embarca nessa amizade acreditando que irá traçar um caminho específico, mas quando Sarah viaja com a família de Charlie se afasta em um determinado momento, e o encolhimento da amiga começa a acontecer, ela a visualiza se exibindo, bebendo e não entende a distância. Tanto a dependência de Charlie e as provocações de Sarah irritam, chega um ponto em que você não sabe qual é a pior. Afastadas, Charlie desconfia de certas atitudes de Sarah, principalmente das suas histórias, percebe que não a conhece e acaba descobrindo seu segredo. O filme ganha uma tensão incrível nessa parte, a quietude e a passividade de Charlie é gigante, a sensação é exatamente a de sufocar. Sarah inventa coisas sobre Charlie e o colégio inteiro a olha de forma estranha, um forte Bullying acontece, só que nem assim ela desiste de Sarah. É uma relação muito complexa.

A diretora trabalha muito bem os gêneros do filme, a história abre com um drama quase romântico e lá pro meio vai ganhando contornos tensos. A personalidade das personagens são marcantes e os sentimentos são confusos, o clima vai ficando pesado e os desentendimentos só aumentam.
É um filme interessante, tem o seu charme e mostra a relação de duas pessoas complicadas, uma quase ingênua, necessitando de uma muleta, e a outra que prefere fazer as coisas como quer sem se importar. Charlie vai sofrendo calada e para evidenciar mais a sensação de sufocamento a personagem tem asma. Cria-se uma aura claustrofóbica.

"Respire" é uma ótima opção para fugir do mais do mesmo no cinema, o tema é chamativo, a narrativa é ótima e as atuações precisas. Um bom estudo de personalidade, os conflitos nos tomam por completo e ao final a única coisa que se deve fazer é respirar junto com Charlie.

Texto originalmente publicado no blog Pitada de Cinema

quarta-feira, 11 de março de 2015

Uma Vida Inteira (Curta-Metragem)

O curta "Uma Vida Inteira" (2012) dirigido por Bel Ribeiro e Ricardo Santini com Alice Braga e Bruno Autran no elenco, mostra que, entre a primeira noite de um casal e a premonição do fim do relacionamento, pode caber uma vida inteira. Baseado na crônica "O Salto", de Antônio Prata. 

Despretensioso e poético retrata as possibilidades do amor e o como é importante fazer acontecer, afinal - "O verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão... porque a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto."
O texto é belíssimo, tem uma fotografia linda e uma trilha sonora apaixonante. É daqueles curtas que nos pegam de jeito, que nos faz querer arriscar para viver o amor sem medos. Real e inspirador, vale dar uma conferida nesta linda obra. 

"A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato — pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente — você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Top 5 - Netflix

A Netflix é uma boa opção para quem adora ver um filminho, existem filmes maravilhosos disponíveis, basta dar uma navegada que vai aparecendo ótimos títulos. Veja alguns:

1- La Vie d'Adèle - Azul é a Cor mais Quente - 2013
Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma estudante do colegial, que começa a se relacionar com o jovem Thomas, mas não se sente completa ao lado dele. Ela então descobre, no azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. "Azul é a Cor Mais Quente" retrata as descobertas do primeiro amor com muita intensidade.

2- Out of the Furnace  - Tudo por Justiça - 2013
O filme conta a história de um homem que acaba de ser libertado após quatro anos de prisão. Sua esperança de ter paz é abalada quando seu irmão mais novo é brutalmente assassinado e ele decide buscar vingança. Christian Bale é o protagonista do filme que prima por uma história simples e direta.

3- Medianeras - Buenos Aires da Era do Amor Virtual - 2011
Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala) vivem na mesma rua, em edifícios opostos, mas eles nunca se conheceram. Eles andam pelos mesmos lugares mas nunca notaram um ao outro. Quais são as chances deles se conhecerem em uma cidade de três milhões de habitantes? O que os separa, irá uni-los. Com um roteiro inteligente, ágil e moderno, cria-se monólogos bem reflexivos, por vezes se dá um tom de ironia, e por fim se torna num longa de altíssima qualidade.

4- The Wolf of Wall Street - O Lobo de Wall Street - 2013
O aclamado cineasta Martin Scorsese dirige o filme sobre a história verídica do corretor da bolsa nova-iorquino Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), do sonho americano à ganância empresarial. Belfort passa de ações de pouco valor e dos ideais de justiça para as OPV e uma vida de corrupção, no final dos anos 80. O sucesso excessivo e a sua gigantesca fortuna aos vinte e poucos anos, enquanto fundador da corretora Stratton Oakmont, deram a Belfort o título "O Lobo de Wall Street". DiCaprio dá um show de atuação em um roteiro inteligente e sarcástico. 

5- Lemale et Ha'halal - Preenchendo o Vazio - 2012
Shira, de 18 anos, vive na comunidade ultra-ortodoxa de Telaviv. É a filha mais nova da família Mendelman e está prestes a casar com um jovem promissor, da mesma idade e origem social. É um sonho tornado realidade e Shira sente-se preparada e empolgada. Entretanto, a irmã Esther, de 28 anos, morre durante o parto do primeiro filho e isso alterará o destino de Shira. Um filme completamente cultural, é uma boa maneira de se conhecer os rituais e tradições judaico-ortodoxas. É delicado e diferente!

E aí quais filmes que vocês assistiram na Netflix que vale a pena compartilhar?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Frances Ha - 2012 - EUA

"Frances Ha" de Noah Baumbach (A Lula e a Baleia - 2005) é uma dramédia maravilhosa que esbanja espontaneidade. Frances (Greta Gerwig) é a ambiciosa aprendiz de uma companhia de dança, que tem que se contentar com muito menos sucesso e reconhecimento do que ela gostaria. Mesmo assim, encara a vida de maneira leve e otimista. Esta fábula moderna explora temas como a juventude, a amizade, a luta de classes e o fracasso.
A fotografia em preto e branco só faz evidenciar todo o charme e graciosidade que a personagem esbanja. Greta Gerwing está perfeita, e a identificação é imediata. Afinal, quem nunca passou por apuros, seja por fatores internos, sobre qual caminho seguir, ou externos, como problemas financeiros. Frances tem 27 anos e ganha algum dinheiro dando aulas de balé para crianças, mas seu sonho é entrar para companhia e se tornar coreógrafa. Ela divide um apartamento em Nova York com sua melhor amiga Sophie, as duas são inseparáveis, mas percebemos que Frances nutre uma lealdade sincera, por exemplo, quando termina o namoro porque não quer deixar Sophie e o apartamento. Já Sophie não titubeia quando decide ir embora e mudar para um outro bairro. O mundo de Frances começa a ruir a partir de então. Dispensada de um especial de natal do grupo de dança e afastada da companhia por um tempo, Frances fica sem um tostão e não tem como pagar o aluguel do apartamento que divide com dois garotos. Um que sai com uma moça diferente a cada dia e o outro que a acha inamorável. Nessa parte há uma melancolia exposta no filme, é triste observar que a sociedade acaba esmagando um espírito livre como de Frances, mas mesmo sem ter um rumo definido aos 27 anos, é uma sonhadora. Ela sente-se sozinha, pois Sophie está namorando sério, e vive mergulhada em seu trabalho, também vê seus colegas com ótimas carreiras, se casando, tendo filhos, viajando, se tornando pessoas frias e mentirosas, daí decide ir para a casa dos pais em busca de um lugar acolhedor.
É incrível os diálogos e a maneira que Frances os domina, sua espontaneidade cativa e sua situação envolve por estar tão próxima da realidade. 

Greta Gerwig ajudou a escrever o roteiro do filme juntamente com o diretor, e mais natural não podia ser, retratando os percalços vividos por Frances até encontrar seu lugarzinho no mundo.
Há uma crise antes de se chegar aos 30, a idade que a sociedade determinou de se estar estabelecido na vida em todos os quesitos, só que há pessoas que não querem seguir o padrão dito normal, continuam a sonhar e a perseguir seus sonhos por tempo indeterminado. E mesmo quando chega-se ao ponto, achando seu lugar, o seu encaixe, assim como Frances ao final fez, metaforizado quando dobra o papel com seu nome escrito, não se pode deixar morrer aquele sentimento bonito que o fez percorrer todo este caminho. A questão é que a vida não precisa ser moldada e rotulada. Não há um prazo determinado, ou de validade para acabar com os sonhos.
Há cenas maravilhosas, uma das é quando Frances é questionada na mesa de jantar por seus "amigos" sobre o que faz. E em um rompante decide ir a Paris por apenas dois dias só porque recebeu um cartão de crédito pelo correio. Nessa fase ela está praticamente desempregada e morando em um alojamento. 

Frances entende que precisa dar um rumo à sua vida quando em uma noite de bebedeira sua amiga quase termina o noivado, então ela a acolhe em seu quarto, mas pela manhã Sophie desparece. Ela sabe que o amadurecimento chegou para sua amiga e que ela decidiu seu destino, portanto, Frances acaba encontrando o seu mundo também. Então, vem o final, a platéia prestigiando seus bailarinos e a coreografia, tão sua, que cada movimento nos remete a ela ao longo do filme. A dança moderna, pela qual Frances quis seguir não poderia caracterizá-la melhor, pois há uma liberdade corporal, uma expressão que retrata tão bem a sua personalidade.  "Frances Ha" é um filme maravilhoso, que traça a trajetória de uma jovem para encontrar seu espaço em meio a um mundo que pressiona cada vez mais. Não há clichês e nem melodramas, são emoções reais que passeiam pela vida de qualquer um, por isso a identificação é instantânea. É uma obra realista e natural.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A Insustentável Leveza Do Ser (The Unbearable Lightness Of Being) EUA - 1988

Na Tchecoslováquia de 1968 três personagens principais experimentam a vida e seus acasos, como pano de fundo a invasão russa, o que torna crucial o destino destas pessoas. Tomas (Daniel Day-Lewis), um jovem sedutor médico que busca apenas o prazer, alheio a qualquer envolvimento emocional. Ao encontrar Tereza (Juliette Binoche) suas convicções são colocadas em questão, por  uma série de situações os dois se encontram e se envolvem, Tomas não consegue se desvencilhar da delicada Tereza como faz com as outras, diante disso ele deixa-se levar pelo peso do relacionamento amoroso, mas não consegue abandonar sua vida de aventuras sexuais, o que traz tantos questionamentos sobre a natureza do amor. Tomas tem Sabina (Lena Olin), sua amante e confidente, com ela o amor carnal se sobrepõe, justamente pela leveza que isso causa em ambos, em Sabina pela compulsão que acredita ter em trair, começar e terminar relacionamentos por conta da traição e em Tomas pela busca de algo. Há também Franz (Derek De Lint), amante de Sabina, um personagem não tão recorrente no filme e pouco explorado, tem apenas a decisão de deixar a mulher para ficar com Sabina, e quando o faz, ela o abandona. 

As ideias acabam se perdendo um pouco, e não dá pra colocar toda a densidade que o livro tem para um filme. Não tem como comparar a obra de Kundera com a história que Kaufman nos traz, são distintas, apesar de ser a mesma. Há muito mais filosofia no livro, ele possui uma força de reflexão que somos capazes de ler e reler muitas vezes e sempre com mais afinco do que antes, é preciso ler para assistir, para ter a compreensão exata e mergulhar nessas camadas de vida. Sou apaixonada pelo livro, está entre os melhores que li, e gostei muito do filme, tem uma fotografia bonita e uma trilha sonora incrível, merece ter o reconhecimento de um bom trabalho feito. 

Uma história sedutora envolvendo questões políticas, os personagens são bem construídos e tem uma ótima química entre eles, cada um com suas peculiaridades nos mostra em visões diferentes o aspecto de não liberdade que a época traz, tudo é colocado de maneira muito delicada. É muito difícil colocar em palavras o que principalmente o livro causa, é uma torrente de ideias e sensações. Na vida não temos uma segunda chance, não temos como voltar no passado e ver quais decisões estavam certas ou não, a vida acontece apenas uma vez e tem que ser vivida para saber, não tem como prever o que nos irá acontecer após uma escolha feita.
Tudo que se escolhe apenas pela leveza que nos causa acaba acarretando um fardo mais tarde. Há muito o que se pensar sobre essa história.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Top 5 - Filmes Natalinos

Para celebrar o espírito natalino segue a lista com alguns filmes para assistir na noite de natal. Todos abrangem aquele sentimento aconchegante de paz. A todos os leitores do Boteco desejo um ótimo e feliz natal!!!

Milagre na Rua 34 (Miracle on 34th Street - 1994) EUA
Em plena época do Natal, Suzan, uma garotinha muito inteligente e esperta, afirma que Papai Noel não existe. Porém, um senhor muito bondoso é contratado para trabalhar como Papai Noel na loja de brinquedos em que sua mãe trabalha. Porém, o que ninguém podia esperar é que o velhinho afirma ser o verdadeiro Papai Noel que está ali justamente para provar para a garotinha e para muitas pessoas que ele é real.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

The Broken Circle BreakDown (Alabama Monroe) 2012 - Bélgica

"Alabama Monroe" do belga Felix Van Groeningen é uma obra muito especial, um drama que mescla dor, música, vida, morte, e que ainda discorre por questionamentos religiosos. É um filme muito emocional.
O roteiro escrito pelo próprio diretor em parceria com o roteirista Carl Joos é baseado em uma peça de teatro, escrita por Johan Heldenbergh e Mieke Dobbels. Didier (Jonah Heldenbergh) é músico de uma banda de bluegrass, música popular americana dos anos 40, é a raiz do country que valoriza o bandolim, o banjo, o violino, além dos vocais harmônicos, grande influência da música negra. Dentre os principais artistas está Bill Monroe, do qual Didier adora. Os EUA para Didier é o lugar perfeito, onde os sonhos podem ser realizados. Com um estilo cowboy, barba e cabelos compridos, mora num trailer dentro de um rancho em que herdou da família. A tatuadora Elise (Veerle Baetens) arrebata o coração deste homem, e não demora muito para que se casem. De início Didier ficou incomodado com a rapidez que tudo aconteceu, a gravidez de Elise o pegou de surpresa, mas ele acaba reformando a casa e o que vemos é uma linda família rodeada de bons amigos e música boa.
Com ótimos diálogos o filme não segue uma linha contínua, o que dá um grande diferencial e nos faz prestar mais atenção, e por conseguinte ficar mais envolvidos com a história. Tudo muda na vida desse casal quando a filha de seis anos, Maybelle, fica doente, muitos questionamentos surgem em relação a eles e a vida. As cenas no hospital são imensamente tristes, ter de lidar com uma doença tão ingrata na idade de Maybelle destrói qualquer um. A alternância de tempo faz com que amenize um pouco o drama.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Minuscule – La Vallée des Fourmis Perdues (Minúsculo - O Vale das Formigas Perdidas) 2013 - França

"Minúsculo - O Vale das Formigas Perdidas" (2013) criado por Thomas Szabo e Hélène Giraud é um filme de uma delicadeza sem tamanho ao retratar o universo das formigas, a linda amizade que nasce com a joaninha e o enfrentamento delas com o exército das formigas vermelhas.
Esse delicioso filme foi inspirado na série "Minúsculos" (Minuscules - La Vie Privée des Insectes - 2006) criada também por Thomas Szabo e Hélène Giraud, no Brasil era exibido pela TV Cultura e mais recentemente pela Band. Protagonizada por insetos é uma coleção maravilhosa de aventuras e jornadas, tudo de maneira leve e bem-humorada. Os episódios de apenas cinco minutos encantam ao mostrar esse pequeno mundo. Se a série já era um deleite, o filme não deixou por menos, é mais que satisfatório. A fotografia de encher os olhos é uma mistura de realismo e fantasia.
Em uma pacífica clareira, entre as sobras de um piquenique, começa uma batalha entre duas tribos de formigas em busca de uma caixa de açúcar. Uma jovem e corajosa joaninha-macho acaba sendo inadvertidamente apanhada no meio do fogo cruzado. Ele acaba se tornando amigo de uma das formigas negras, Mandible, e a ajuda a salvar o seu quartel-general do ataque das terríveis formigas vermelhas guerreiras, lideradas pelo temível Butor.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Top 5 - Comédias Francesas

Inteligência, roteiro de primeira, sensibilidade, ironia, atuações impecáveis são algumas qualidades da comédia francesa, que ao contrário das americanas ou brasileiras não forçam e não apelam nos trazendo sempre a mesma fórmula. Segue uma lista imperdível:

A Riviera Não é Aqui - Bienvenue Chez les Ch'tis - 2010
Philippe Abrams é diretor de uma agência dos correios em Salon-de-Provence no sul da França. Ele é casado com Julie, cuja natureza depressiva torna a vida dele impossível. Para agradá-la, Philippe monta uma fraude para obter uma transferência para a Côte d´Azur (a Riviera Francesa), mas é desmascarado e acaba sendo transferido para Bergues, uma pequena cidade no norte do país. Para os Abrams, sulistas cheios de preconceitos, o Norte é um horror, uma região gelada e povoada por pessoas que falam um dialeto incompreensível, o "cheutimi". Sem opção, Philippe embarca sozinho e descobre que Bergues não é tão ruim assim.
"A Riviera não é Aqui" é uma das comédias francesas mais aclamadas, é uma sátira muito divertida que mostra o quanto somos preconceituosos, julgando-se melhor por morar num lugar que dizem ser superior que o outro.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Top 5 - Filmes de Terror

O Dia das Bruxas está chegando, então selecionei 5 filmes de terror que valem a pena assistir. Divirtam-se!

O Exorcista (1973) Origem: EUA, de William Friedkin
Sinopse: Em Georgetown, Washington, uma atriz vai gradativamente tomando consciência que a sua filha de doze anos está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda a um padre, que é também um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pôsteres Minimalistas

Para quem é apaixonado por pôsteres de filmes, segue uma lista especial com 10 
em arte minimalista:

Bicho de Sete Cabeças

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Top 5 - Filmes Iranianos

O cinema iraniano contém uma sensibilidade única, a maioria das histórias são simples, o cotidiano e objetos comuns se tornam algo grandioso. Selecionei cinco, mas existem outras maravilhas, para quem ainda não conhece, estes são uma ótima porta de entrada. Aproveitem!

Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye Aseman - 1997) de Majid Majidi
Ali (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos revezando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.
Repleto de sutilezas, a simplicidade é a grande marca nesta pequena obra de arte, faz com que pensemos nos verdadeiros valores, aqueles que esquecemos com o tempo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

10 Filmes Nacionais

O cinema nacional ao contrário do que alguns pensam vai muito além das comédias produzidas pela Globo Filmes, infelizmente nem tudo chega a nós por conta da restrita divulgação. Há muitas coisas boas e que merecem ser conhecidas, segue 10 filmes maravilhosos e que fazem a diferença.

Estômago  - 2007, de Marcos Jorge
Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento). 
*Roteiro impecável e envolvente, além de um personagem memorável.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sebastian's Voodoo - 2008 - EUA (Curta-Metragem)

O que mais encanta nos curtas é a capacidade que alguns realizadores possuem em dar características puramente humanas a seres inanimados. Quanto mais distante da realidade, quanto mais impossível, quanto mais diegético for o trabalho do filme, maior efeito terá sobre a mentalidade do espectador. Em algumas animações da Pixar, da Escola de Gobelins e do Estúdio Ghibli, encontramos personagens com essas qualidades, que além da dificuldade óbvia de ganhar vida na tela, alcançam um resultado além do simples entretenimento. Nesse macabro filme de Joaquin Baldwin, temos um bom exemplo dessas características humanas inseridas de modo emotivo a seres inanimados, e impossíveis: alguns bonecos de vodu. 
Poucos temas são envoltos por tanto mistério como o vodu, a curiosidade com seus materiais primitivos e seus simbolismos ocultos. O que torna tudo real e nos toca não é apenas a respiração ofegante dos bonecos esperando o seu fim trágico e doloroso. O drama do sacrifício humano, e o final extremamente sombrio acompanhado da atmosfera de todo o filme é algo para não se esquecer.


É uma pequena crônica sem muita reviravolta ou virtuosismo, mas o pouco que mostra é absolutamente genial. Uma pérola da animação. Sebastian's Voodoo é do diretor paraguaio Joaquin Baldwin, que faz uma analogia a vários ditados populares como, "Aqui se faz, Aqui se paga", entre tantos conhecidos nesse estilo. Essa animação garantiu ao diretor mais de 40 prêmios.

A força da mensagem passada nos deixa paralisados, com certeza um curta animado inesquecível!!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Clichês Hollywoodianos

É um pouco clichê falar de clichês, mas vou compartilhar alguns dos quais nunca desaparecem dos filmes hollywoodianos. Nas imagens acima está a explosão que não pode faltar nos filmes de ação, carros sendo destruídos é quase uma lei, o beijo apaixonado embaixo da chuva, o herói que passa por diversos obstáculos, mas acaba salvando o mundo, e por último a bandeira, que aparece em quase todos os filmes e demonstra o patriotismo. Segue a lista com as situações mais frequentes nas produções hollywoodianas.

1- Policiais comendo rosquinhas - É inevitável, eles acabam se rendendo e devorando os famosos donuts, outra cena clássica é a da perseguição, que é sempre um policial gordinho (efeito das rosquinhas?!) correndo atrás do criminoso.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Estranha Vida de Timothy Green (The Odd Life of Timothy) 2012 - EUA

"A Estranha Vida de Timothy Green" é uma grata surpresa, jurava que iria ser mais um clichê fabulesco da Disney, mas é totalmente o contrário disso, ele é encantador na medida certa e vem com uma boa mensagem ao mundo dos adultos. Devo confessar que Jennifer Garner nunca foi uma atriz que eu gostasse, suas caras e bocas nos filmes de comédia romântica são bem conhecidos, mas nesse ela avançou no drama, e bem naquele momento em que a mulher sente a necessidade de ser mãe. E é aí que entra o problema. Cindy (Jennifer Garner) e Jim Green (Joel Edgerton), é um casal feliz, moradores de uma pequena cidade do interior, cuja principal fonte de trabalho da população é uma fábrica de lápis. Por muito tempo vieram tentando ter um filho, porém, sem sucesso. Após uma visita frustrada ao médico que cessou todas as esperanças de que um dia Cindy engravidasse, o casal resolve, depositar em uma caixinha todas as qualidades de que seu filho tivesse, e depois enterraram no quintal, logo o desejo se realiza e nasce Timothy Green. Timothy todo sujo de lama aparece e diz ser filho de Cindy e Jim, vendo que o garoto possuía folhas nas pernas os dois ficaram deslumbrados com o acontecido. Daí por diante ele é exposto aos familiares e amigos como fruto de uma adoção repentina, com medo dele se tornar uma criança esquisita por causa do seu diferencial: as folhas, decidem que ele use meias até os joelhos seja em qual for a situação.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um Gato em Paris (Une Vie de Chat) 2010 - França

"Um Gato em Paris" é uma charmosa animação 2D que possui uma linguagem visual muito interessante, e que vai contra toda essa onda 3D.
Dino é um gato que divide sua vida entre o dia com Zoé, filha de Jeanne, e a noite com Nico. Jeanne é uma delegada que está investigando uma série de roubos misteriosos, e ainda terá que proteger um monumento de arte africano que está para chegar na cidade. Nico é um ladrão que passeia a noite pelos telhados de Paris na companhia de Dino, mas o maior perigo está em Victor Costa, um temível bandido e sua gangue que certamente tentará roubar o monumento. Zoé é uma criança traumatizada pela morte de seu pai e vive mais tempo com a babá que com a mãe que nunca está em casa. Dino será testemunha de tudo e será a peça chave entre todos os personagens e suas aventuras. A trama do filme é bem simples, porém repleta de nuances, pode ser apontada como uma espécie de realismo fantástico, mas a história aborda temáticas bem reais.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Melhores Adaptações Para o Cinema

Livros adaptados para o cinema sempre geram discussões, foi fiel ou não? Também aparece a afirmação de que o livro sempre é melhor que o filme. Mas o importante mesmo quando se adapta um livro para a linguagem cinematográfica é cultivar a essência da história, caso isso não aconteça, dificilmente agradará. Selecionei alguns que considero boas adaptações, segue a lista:

Perfume - A História de um Assassino - 2006 - Alemanha
Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw) nasceu com o olfato mais apurado do mundo. Por isso, encontrou uma prolífica - porém nada reconhecida - carreira como criador de perfumes. No entanto, sua constante busca pelo aroma perfeito o leva a caminhos perigosos. Recomendo que leiam o livro de Patrick Süskind antes, pois assim poderão sentir realmente todos os detalhes do filme. É muito mais gostoso observar as cenas que a nossa imaginação produziu ao ler o Best- Seller.